The Ares Project – Sobre um original e excelente jogo

Designer: Brian Engelstein e Geoff Engelstein

2011
Z-Man Games
Artista: Jason GreenoMichael N. Jackson e Gary Simpson

1 – 4 jog. (melhor a 2)

60 min.

Link para BGG
Regras Oficiais

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O que está dentro da caixa.

 

Exemplos do artwork nas cartas.

Temática: Esgotaram-se os recursos da Terra e agora 4 facções lutam pelo domínio de Marte.

Jogo: Cada jogador controla uma facção diferente – Terran, Kahoum, Colossus, Xenos – e ganha destruindo a base do adversário ou tendo mais pontos no fim do jogo.

Os jogadores vão construindo as suas forças atrás de um “biombo” para que o adversário não saiba o que este está a preparar. Dependendo de como se colocam as cartas elas podem servir de upgrades, novas estruturas, ou recursos para novas unidades. Assim que algum dos jogadores joga uma carta de ataque revela-a e dá-se início à batalha. A batalha é precedida por uma fase de construção onde as cartas de recurso se descartam dando acesso a unidades, depois disso os jogadores arranjam a linha de batalha e combatem recorrendo a dados. Dependendo de onde a batalha está a acontecer se o jogador atacante ganha a batalha ele ganha o jogo(caso a batalha esteja a acontecer na base do adversário) ou ganha o controle da fronteira(caso a batalha tenha acontecido na fronteira.) O controle da fronteira é o único modo de ganhar pontos.
Este é um jogo algo complexo que apesar de rápido tem muitas regras que tive que ignorei nesta explicação.

The Ares Project e Starcraft2: Este é um jogo que tinha o objectivo de converter jogos de Real Time Strategy de computador para um jogo de tabuleiro. Eu como grande fã do Starcraft2 para PC posso dizer que esse objectivo foi muito bem conseguido. Nota-se várias influências do Starcraft mas não foi pelo óbvio, já que uma das coisas que mais espanta neste jogo é a ausência de um tabuleiro com mapa. Os combates acontecem numa local abstracto a que se chama a Fronteira. Consigo imaginar que outro dos desafios foi o de encontrar ummod de simular o nevoeiro nos mapas de RTS’s que nos impede de ver a base do adversário, e para isso este jogo utiliza biombos atrás dos quais os jogadores jogam grande parte do tempo sem o adversário ter informação do que se está a construir. O jogo tem tanto a parte macro do Starcraft ao construirmos as nossas estruturas e unidades na base, como a parte micro quando estamos a colocar as forças na linha de batalha. Este seria o jogo perfeito para ser licenciado oficialmente como Starcraft – The card game, os fans de Starcraft deviam experimentar este jogo.

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O que gosto:

– Ser complexo o mas ao mesmo tempo muito rápido de jogar.
– O número de decisões importantes que se toma por minuto. Deve ser dos jogos com mais decisões importantes por minuto, já que os turnos são tão rápidos.
– Como consequência da anterior, quase não existe downtime.
– Jogo assimétrico em que as diferentes facções jogam realmente de modo diferente. (ainda não joguei assim tantas vezes para o afirmar com toda a certeza mas as facções parecem estar equilibradas)
– Artwork e design exactamente têm um estilo que gosto bastante.

O que não gosto:

– Sistema apesar de intuitivo não é nada fácil de explicar a novos jogadores. Nem sequer a curva de aprendizagem é muito amiga dos novos jogadores.
– Muita gente critica o jogo por ele ser completamente baseado na sorte, o que discordo totalmente. Ainda assim gostava que tivesse um pouco menos de sorte envolvida.
– Falta de alguma mecânica que permita a um jogador que esteja mal recuperar e ainda poder ganhar.
– Várias vezes ainda falta muito para o jogo acabar e já existe um claro vencedor. É dos poucos jogos em que vale a pena desistir de jogo caso tenham a certeza absoluta que já não há hipótese de recuperar. Apesar de negativo isto é muito dentro do espírito do Starcraft onde todos os jogos acabam sempre por um jogador sair do jogo e não por o jogador cumprir as condições de vitória. É apenas algo a que não estamos habituados a ver em Boardgames.

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Componentes: 9
Cartas tokens e tabuleiro de boa qualidade mas o que realmente me deixou agarrado ao jogo desde que vi as primeiras imagens no BGG foi o design. Tem símbolos,  cores muito bem escolhidas, desenhos futuristas… Só coisas boas. Só seria melhor caso tivesse licenciado pela Blizzard para usar artwork do Starcraft2.
Complexidade: 8
É daqueles jogos em que quando se sabe jogar não parece muito complexo mas quando se tenta explicar a alguém é que nos apercebemos que afinal é muito complexo. Tem algumas excepções e alguns símbolos para aprender, mas a maior complexidade vem das várias fases que as batalhas têm e o que pode acontecer em cada uma.
Estratégia: 8
As estruturas que construirmos ficam em jogo muitas das vezes até ao fim do jogo, e é isso que vai definir as opções que temos e que tipo de unidades podemos construir  Todas as acções que tomamos estão a definir a estratégia que poderemos vir a seguir para o resto do jogo.
Táctica: 7
A táctica no jogo aparece principalmente na fase das batalhas em que temos toda a informação do que o adversário possui.
Interactividade: 6
Construímos a nossa base  e passamos vários turnos sem haver qualquer interferência com o adversário, mas estamos sempre a pensar no que será que o adversário está a fazer e tomar decisões no sentido de escolher uma estratégia que melhor se adeqúe ao que ele faz. Interacção directa existe apenas aquando de uma batalha.
Sorte: 4
É verdade que tem dados e um baralho de cartas, mas ainda assim o melhor jogador tem uma vantagem enorme. No fim do jogo se analisarmos todo as as decisões que tomámos existe sempre várias acções que poderiam ter sido bem melhores. E quanto mais jogos se faz mais fácil é de perceber estratégias.
(Nota para aqueles que dizem que este jogo tem muitos roles de dados e isso adiciona muita sorte: Num dos episodios do Ludology Podcast Brian Engelstein explica que jogos com roles de dados na verdade têm menos sorte se houver grande número de rolls do que se apenas acontecerem poucos roles. Já que quando mais vezes se rola o dado mais este se vai aproximar do número esperado. E é isso que acontece neste jogo já que fazems tantos roles durante o jogo que no fim chegámos com resultados próximos dos esperados..)
Vale o tempo: 9
É um jogo muito rápido para o nível de complexidade e decisões que tomamos. No fim de cada jogo e por tantas decisões que tomei fico com a sensação que foi um jogo de 2+ horas.
Rejogabilidade: 9
As 4 facções diferentes acrescem muito à rejogabilidade. Mas mesmo repetindo com a mesma facção várias vezes existem muitas estratégias diferentes a experimentar. Quero sempre voltar a jogar para tentar algo diferente.
Divertido: 8
O divertimento neste jogo vem do desafio. Das tantas opções para seguir uma estratégia ver que realmente o que escolhemos resultou em algo é o gratificante.
Gamedesign: 8
Inovador. Este é um jogo único, cumpriu muito bem o seu papel de converter um RTS para jogo de cartas e de uma modo bastante original. Contudo para ser perfeito falta-lhe algo que crie mais tensão no final do jogo e gostava que o combate fosse algo mais profundo e com mais decisões envolvidas. Mas os pontos positivos do jogo para mim superam por muito os negativos.
Geral: 9
Se procuras um jogo de cartas inovador e recheado de decisões a tomar em cada turno este é o jogo. Não sei o que é mas há algo que me faz adorar este jogo e querer sempre voltar a jogá-lo.

O que sinto acerca do jogo?

Deves comprar este jogo?
Sim. É um excelente jogo e que merece muito mais reconhecimento. (E quanto mais vendas ele tiver maior a probabilidade de ser publicada uma expansão com novas facções. Z-man por favor publiquem uma expansão. ahah)